Pensamentos
Dos produtos às pessoas, das pessoas aos contextos. Se os produtos respondem a pessoas que reagem a contextos específicos de utilização, faz sentido falarmos de design centrado no contexto.
Sabemos que um produto só faz sentido quando desenvolvido em função das necessidades e aspirações das pessoas. Afinal de contas, são estas quem usa os produtos e sem elas um produto é apenas mais um produto. Mas não devemos ignorar o facto das necessidades e aspirações das pessoas mudarem consoante o contexto de utilização. A forma como usa o telemóvel em casa é a mesma como o usa nos transportes públicos ou na praia? Claro que não: muda com o seu contexto de uso.
Estando a inovação fortemente relacionada com as necessidades das pessoas e com a maneira como vivem o dia-a-dia, defendemos que a procura pela inovação deve partir do contexto de utilização, através de um processo de design centrado no contexto.
Imaginemos uma embalagem de champô. Para inovar nesta tipologia de produto temos que conhecer o seu contexto de utilização. Assim devemos pensar esta embalagem não apenas na prateleira de um supermercado ou nas mãos de um consumidor mas também, e especialmente, no espaço do banho, com humidade e vapor, com produtos complementares por perto, e certamente com um utilizador ensonado, de olhos semi cerrados, e cheio de pressa para ir para o trabalho. Tudo muda e as oportunidades surgem.
O design deve centrar-se no contexto e não apenas na pessoa, já que o primeiro altera o comportamento da segunda. Durante um focus group a percepção de uma embalagem de champô é uma coisa mas às 7 da manhã no duche será outra.
Exemplo: as luzes nocturnas musicais para bebés. No momento de compra, o produto funciona, é agradável e proporcional; a música transmite uma sensação de tranquilidade e os materiais sugerem segurança. Além de música tem a função de luz nocturna e permite fixação ao berço. É realmente um produto centrado no consumidor (bebés/pais). Já no contexto, tudo muda! Um bebé que acorde às 4 da manhã com fome, fica ainda mais irritado com o ruído do equipamento – às 4 da manhã qualquer barulho é ensurdecedor, mesmo aquela música que na loja nos pareceu inofensiva.
Na Inngage, o nosso processo de design é centrado no contexto, capaz de recolher informação contextual pela criação de empatia com as pessoas. Só conseguimos produzir produtos de qualidade se sentirmos o que as pessoas sentem no momento de utilização e se interagirmos com o seu contexto de uso.
Os produtos devem deixar de ser validados e aprovados em salas de reunião: é no contexto e pela experiência que se valida o impacto de um produto.